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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Eu os declaro marido e mulher... até que se cansem!

Na Espanha, um dos países do mundo ocidental onde a "crise do matrimônio" é mais forte, os 96.700 pedidos de divórcio apresentados nos nove primeiros meses de 2007 superaram a quantidade registrada em 2005, primeiro ano de aplicação da lei do divórcio expresso no país.

Os pedidos de separação, cerca de 7.666, caíram 86% no mesmo período. Dados oficiais indicam ainda que a cada cinco divórcios (20,19%), um acontece entre casais casados há menos de cinco anos e quase 27% dos que terminam a relação estavam junto há vinte anos ou mais.

Os números espanhóis revelam a crise de uma instituição cada vez mais questionada por diversos grupos e que leva pessoas marcadas por uma experiência negativa a preferir uma solidão tranqüila a um inferno acompanhado.

O caso da Itália

A Itália também chama a atenção. As estatísticas mais recentes revelam um divórcio a cada quatro minutos e uma redução no número de casamentos de 32,4% nos últimos 30 anos. Os divórcios aumentaram 66% na última década e a maioria dos rompimentos aconteceu entre o terceiro e o quinto ano de união.

Por trás das frias estatísticas, o casamento costuma revelar-se um elemento oficial alheio ao amor, que atenta contra sua pureza à medida que hipoteca a liberdade e a espontaneidade futuras. E se a tudo isso acrescentarmos o desencanto do momento em que a paixão e o interesse pelo sexo vão embora, se entenderá o porquê do fracasso da união legal.

Os psicólogos avisam que um casamento baseado somente no amor erótico é uma relação de alto risco que cedo ou tarde acaba em divórcio. Nesse tipo de união, procura-se o prazer próprio. A outra pessoa fica como um objeto com características que nos agradam, das quais se quer desfrutar. Os especialistas acreditam que uma relação baseada exclusivamente neste tipo de amor sempre fracassa porque uma hora ou outra o casal descobre que não era nada daquilo que pensavam.

O escritor russo Leon Tolstoi, que sucumbiu a uma difícil relação com sua esposa Sonia, escreveu pouco antes de se casar que "não pode ser que isso (o casamento) acabe com a vida". O autor de "Guerra e Paz" casou-se profundamente apaixonado por sua esposa moscovita, mas a atração pelo mundo rural e a decisão de renunciar aos alimentos vindo de seres mortos e alimentar-se somente de frutas, verduras e leite, levou o casamento a desentendimentos e a uma convivência impossível.

Tolstoi faleceu em uma estação de trem na qual procurou refúgio após mais uma das discussões que teve com Sonia.

Recusa a deixar-se mudar

O filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard (1813-1855), precursor do existencialismo, disse que "o desprezo moderno do casamento é motivado pelo medo de que se possa chegar a um momento em que se perca o gozo do presente. Desta forma a união fica neutralizada pela covardia e pelo egoísmo".

Para a Igreja Católica, as crianças são as principais vítimas da mudança de modelo social que proporcionou o aumento do número de divórcios e da existência de famílias em que somente um dos pais está presente. Muitas crianças lamentam não ter um confidente que não seja exclusivamente um pai ou uma mãe a quem confiar suas aflições, inquietações e problemas em relação ao despertar sexual.

Contra o meio ambiente

Um estudo publicado pelo jornal "The Washington Post", a partir de um documento da Universidade Estadual de Michigan, revela que o divórcio é prejudicial não somente à saúde, mas também ao meio ambiente, já que casais que separados consomem mais água e energia que quando viviam juntos.

Pesquisadores calcularam que, em 2005, famílias americanas separadas consumiram até 61% mais recursos por pessoa que antes do divórcio, ao gastarem 46% mais em eletricidade e 56% mais com água.

O relatório também revela que se casais divorciados tivessem permanecido juntos em 2005, os EUA teriam economizado 73 bilhões de quilowatts/hora de eletricidade e 2,370 bilhões de litros de água nesse ano.

Talvez tudo isso seja conseqüência do estado depressivo comum ao final de um relacionamento. Estudos revelam que os homens são mais frágeis ao divórcio e os que mais se afundam na depressão.

Mas nem todo mundo passa por um divórcio dramático. Quem sabe bem disso é o austríaco Anton Barz, promotor da primeira feira do mundo sobre divórcio, realizada em Outubro, em Viena, para ajudar casais que querem a separação a fazê-lo logo sem complicações emocionais e financeiras.
Representantes de agências imobiliárias, escritórios de advogados, centros de mediação matrimonial, um laboratório de análise de DNA, uma agência de detetives e até mesmo uma empresa que organiza "festas de divórcio" compareceram ao evento.

O slogan dado por Barz ao evento era "Reinicie sua Vida", estimulado pelas estatísticas da Áustria, onde metade dos casamentos acaba em divórcio. Somente em Viena, este número chegou a 65%.

Destaques

-A instituição do matrimônio é cada vez mais questionada por diversos grupos e leva pessoas marcadas por uma experiência negativa a preferir uma solidão tranqüila a um inferno acompanhado.

- A criação do divórcio expresso impulsionou o numero de rompimentos na Espanha, por exemplo. Na Itália, a quantidade de casais que se casam é mais de 32% inferior à registrada na última década e a cada quatro minutos um divórcio é assinado.

- Segundo um estudo americano, o divórcio é prejudicial não somente à saúde, mas também ao meio ambiente, já que casais que separados consomem mais água e energia que quando viviam juntos.

Francisco Galindo.


Disponível em http://br.noticias.yahoo.com/s/080215/48/gjk6fr.html&printer=1 acesso em 15 fev 2008


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